Jesus é deitado de costas, as suas
chagas se incrustam de pó e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal
da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira
para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo
prego pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe
certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter
contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado. Pode-se
imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que
se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro.
A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela
produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz
perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do
tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se
esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada
solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um
suplício que durará horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a
extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em
pé; consequentemente fazendo-o tombar para trás, encostam-no na estaca
vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca
vertical.
Os ombros da vítima esfregam
dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de
espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez
que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir
levanta a cabeça, recomeçam as pontadas agudas de dor.
Pregam-lhe os pés.
AS HORAS NA CRUZ
Jesus tem sede. Não bebeu desde a
tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está entreaberta, e o
lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode
engolir. Tem sede. Um soldado, lhe estende sobre a ponta de uma vara uma
esponja, embebida em bebida ácida em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma
tortura atroz.
Um estranho fenômeno se produz no
corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se
acentuado: os deltoides, os bíceps esticados e levantados, os dedos se curvam.
É, como acontece a alguém vitima de tétano. A isto que os médicos chamam
tetania. Quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem
em ondas imóveis; em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço e os
respiratórios.
A respiração se faz, pouco a pouco,
mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira
com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu
rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta
purpúreo e enfim em cianitico. Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões
cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os
olhos saem fora da órbita.
Mas o que acontece? Lentamente, com
um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés.
Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os
músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os
pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Por que este esforço?
Porque Jesus quer falar: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que
fazem". Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo e a asfixia
recomeça.
Foram transmitidas sete frases
pronunciadas por Ele na cruz: cada vez que quer falar, devera elevar-se tendo
como apoio o prego dos pés. Que tortura!
Atraídas pelo sangue que
escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas
Ele não pode enxotá-las. Pouco depois, o céu escurece, o sol se esconde: de
repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde.. Todas as suas
dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe
arrancam um lamento: "Deus meu, Deus meu, porque me abandonastes?".
Jesus dá seu último suspiro: "Está tudo consumado!", e em seguida,
"Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". E morre. Em meu lugar e
no seu.
Publicado em http://www.ebdonline.com.br/estudos/sofrimentocristo.htm
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